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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Para Fernando com Carinho


Não sei bem qual o critério de prioridade para deixarmos a vida aqui na terra, não sei bem se a gente percebe que está indo embora ou até se a gente pode escolher. Sei apenas que não nascemos com prazo de validade na testa e que uma hora ou outra arrancam uma pessoa que a gente ama e ela se vai para nunca mais voltar. Sei que não podemos nos desesperar, sei que a saudade uma hora ameniza mais por enquanto não dá!
Com ele não foi diferente, em um dia lindo de sol, no meio da água que ele nem sequer gostava ele se foi para não voltar. O cavaco silenciou, o samba chorou, os amigos se abraçaram e as lágrimas ainda não secaram. E as lembranças... elas estão aqui, lembranças dos momentos que estivemos juntos, lembranças do que com ele aprendemos, lembranças das palavras não ditas e dos sentimentos sentidos.
Ah ele aproveitou muito bem seus 35 anos de vida, se tem um cara que viveu esse foi nosso Fernando. As vezes irresponsável, as vezes inconseqüente mais sempre intenso. Sempre uma palavra amiga, um pedido de perdão, um olhar de sedução. Ele era um boa gente sim..ele errava e errava bastante mais ele era verdadeiro, o lado bom dele era tão legal que quando aparecia parece que apagava tudo de errado que ele tinha feito. E um errado que pra ele não era errado não, um exagero que pra ele não era exagerado não! Para ele era apenas a intensidade de alguém que tinha o poder de deixar a vida bem mais tranqüila e divertida. Ele parecia não preocupar se com rótulos, ele não se preocupava com o convencional, com as obrigações chatas ele simplesmente ia fazendo de jeito dele.
O coração dele era tão grande que não tinha muito espaço para a razão, acho que é isso acho que isso traduz um pouco ele. Ele tinha vaidade, ele tinha amor, ele tinha cuidado. Passava os dias nas cordas do cavaco, afinava daqui tirava uma letra dali, antes mesmo de lançar ele já descobria um novo samba e corria mostrar pra gente. As vezes se dividia em dois para poder tocar em dois três lugares ao mesmo tempo e deixar as festas ainda mais divertidas. Ele falava a verdade, ele gritava eu te amo, ele se escondia pra não precisar dizer que não queria conversar. Exagerava ??? sim ele não tinha muito limite ,mais isso era um problema dele e não foi essa falta de limites que levou ele pra longe da gente. Ele sabia as musicas que a gente gostava, ele cantava do jeito dele. Pra ele o que importava era uma boa roda de samba, amigos e cerveja gelada. Assim ele passou a maioria dos dias dele. A responsabilidade dele era apenas com a intensidade da vida, que no caso dele parecia ser um eterno final de semana. O que a maioria das pessoas espera o sábado e o domingo pra fazer ele fazia sempre! E isso pra ele não era problema nenhum.
Acho que todo mundo que conviveu com ele tem uma história divertida pra lembrar, cada um tem seu samba cada um tem seu sorriso. Talvez o tempo amenize um pouco a dor que estamos sentindo, a gente só não sente saudade se a gente não amou e era impossível não amar o Fer.
Deixo aqui minhas palavras de agradecimento por todos aqueles que estão aqui dividindo com a gente esse momento de dor, deixo aqui a certeza de que onde quer que ele estiver ele realmente deve estar feliz por ver que tanta gente esteve na sua despedida e que foi exatamente como ele queria. Obrigada amigos.

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