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quinta-feira, 28 de outubro de 2010
PRINCESA DO MAR - MINHA IRMÃ LUANA
Ela era uma pessoa estrela, uma menina de olhos amendoados, cabelos cacheados, tinha luz própria e uma força de vontade incrível...Minha caçulinha, ela era 4 anos mais nova que eu, me ensinou muitas coisas. ela gostava de estudar, conversar, sambar, amava a capoeira e se enrolar na areia da praia, ela nasceu no mar e cresceu com as estrelas. A Lu era assim, séria e sorridente, bagunceira e determinada, esforçada e preguiçosa. Queria fazer tudo ao mesmo tempo, parecia saber que sua tragetória aqui na terra seria curta. Éramos quase inseparáveis, abraços, beijos, conversas intermináveis, conselhos, colo, carinho e cuidado.
Foi um domingo de sol...eu havia passado o dia em um churrasco de aniversário de um amigo, e ela como iria fazer intercâmbio na Itália, estava se preparando para viagem. Chegamos em casa juntas naquele dia, subimos as escadas, contamos as novidades como sempre fazíamos e ao chegar em casa ela pediu que eu deitasse com ela na cama pois estava com muita dor de cabeça naquele fim de tarde.E ali ficamos abraçadinhas, de mãos dadas, falando sobre amigos e amores, fazendo planos para sua viagem...não nos despedimos!!! Cochilei e como em um pesadelo acordei com ela tendo uma convulsão, foi uma cena triste, seus olinhos viravam, sua boca espumava e eu ó enxergava nos olhos dela um pedido - Bebel me ajude!! no mesmo minuto ou seria segundo, segurei sua cabeça e língua para ela não se afogar e como um polvo peguei o telefone liguei para minha tia R. e só consegui pedir socorro, liguei também para minha amiga J. e gritei socorro de novo. Elas vieram rápido, acho que forma minutos. Carreguei minha Menina com 16 anos como um bebê por 4 andares de escada, minha tia estava chegando e levamos ela desacordada ao hospital que icava a algumas quadras da minha casa. Avisei também minha irmã F. que estava viajando, viajar era se refúgio.
No hospital a Lu ia e voltava, tinha seguidas convulsões, em alguns momentos de lucidez arregalava os olinhos e dizia pausadamente algumas freses soltas..dizia também que a mãe esteve com ela. E assim ela ficou por 2 ou 3 dias, com febres altíssimas, períodos de inconsciência e imobilidade e algumas frases soltas. ela não relmava de dor, pelo menos pra mim.
Foram dias frios, cinzentos e doloridos, eu ficava sentadinha do mio fio do hospital asustada, preocupada e triste...Ninguém sabia o que ela tinha, dúvidas, medo, insegurança tomava conta dos meus pensamentos. Logo ela foi transferida de hospital, e depois de muitos exames, estudos e uma junta médica diagnosticaram Herpes no encéfalo. Naqueles dias tive muitas pessoas a minha volta, meus amigos anjos, pessoas especiais que me davam força, colo, conselhos, comida, carinho e apoio, pessoas maravilhosas que tentavam enxugar minhas doloridas lágrimas. Todos os dias as 9 da noite fazáimos corrente de oração para que Deus nos desse uma orientação ou pelo menos conforto. Pedíamos que ela se recuperasse. em uma quarta-feira de noite seu cérebro apagou. O vírus tomou conta de seu sistema nervoso e foi diagnosticada a morte cerebral da minha menina. achei que meu mundo ia acabar naquela hora. mesmo tendo tido aulas de neuro na faculdade eu tinha esperança que ela voltasse a sorrir pra mim. Foi tirado meu chão, só não desabei pois tive suporte e apoio dos meus amigos. Toda hora todo minuto alguém estava comigo. isso me ajudou a estar aqui hj!
Nos minutos que eu podia entrar na uti, u ficava falando com ela, arrumava seus cachos, tentava como com um grito sufocado, chamar ela de volta a vida. mais aquele aparelho insistia em manter as linhas retas, seu coração batia forte mais seu cérebro não respondia. eu chorava, gritava, rezava e implorava que Deus deixasse ela comigo.
Em uma terça-feira fui ao hospital, e francamente olhei pra ela, ela parecia dormir, mais eu sabia que algo nela podia me ouvir. em sua volta eu enxergava uma luz forte e alaranjada. foi dia 29/05/96, aniversário de sua melhor amiga M., as duas eram amigas desde os 6 anos de idade, quando eram pançudinhas e bochechudas, mesmo com a distância de cidade eram inseparáveis.
naquela conversa, em palavras misturadas com lágrimas eu disse a ela que poderia partir, que ela poderia ficar com a mãe como ela havia pedido, e que eu sofreria muito com sua ausência mais que continuaria amando a incondicional mente. Falei muitas coisas pra ela naquele dia, disse que daria um jeito de continuar vivendo sem ela par me ajudar.
naquela noite minhas amigas e tias amigas, dormiram todas na minha casa, fizemos uma super cama, com muitas cobertas e 3h30m da madrugada em uma noite mais do que gelada, o telefone tocou, lembro que no primeiro toque eu levantei assustadas meninas também levantaram e lembro daquela voz baixa e distante ao telefone: - estou avisando que a Luana desligou. Uma única lágrima escorreu em minha face, minhas amigas me abraçaram e choraram junto comigo, minha irmã F. também estava ali. Pedi então para ficar sozinha, coloquei vários edredons sobre mim e fiquei ali como que contida por um certo tempo sem me mexer...
Separei sua roupa branca, suas cordas da capoeira, coloquei também uma roupa branca para ir ao velório.
Aquele 30 de maio foi um dia de sol, muitas pessoas foram lá despedir se dela, ela era muito querida e tinha muitos amigos também. parecia um encontro de jovens, amigos de todos os lados sentados em rodinha tentando entender uma partida tão precoce.eu também nunca entendi porque ela se foi tão cedo, acho mesmo que ela era muito especial para ficar aqui na terra. Ela estava realmente linda ali, com o mesmo rostinho que tinha quando era apenas um bebê.Seus cílios virados como os de uma boneca de louça. Mais ela estava ali e não iria mais voltar.
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9 comentários:
Lendo a postagem da Luana percebi que vc realmente é muito forte e veio ao mundo não só para aprender mas tbm para ensinar e tenha certeza que aprendo muito com sua garra, coragem e força. Tem algo muito bom reservado pra vc. Não tenha dúvida disso viu?
Um beijo no seu coração!!!
Dificil conter as lagrimas...
bjo nega
Hoje lendo essa passagem de sua vida, me emociona em saber que ja fiz parte disso tudo. Tenho muito orgulho de voce, hoje também soube detalhes que jamais tive coragem de perguntar. Agradeço a Deus a oportunidade que me deu, de fazer parte de suas vidas, ao menos um pouquinho.............Deus te abençõe, beijos o coração
Iza, encontrei seu blog por acaso... me emocionei com suas palavras, pois estive presente nesse momento... a vida nos levou por caminhos diferentes, mas saiba que vcs estarão sempre em meu coração... te admiro muito pela sua força e coragem, amiga.
São tantas lembranças gostosas de infância, né?
Fique com Deus.
Bjs
Minha querida Iza. E muito difícil pra mim falar deste momento. Porque sofri com vc. Vi suas lagrimas. Vi vc embaixo do edredom. Só que também presenciei sua vitoria, superação e o maravilhoso ser humano que vc se tornou. Nas minhas dores e dificuldades me apoio no seu exemplo. Continue sua caminhada! Um beijo grande. Gi loira
Que saudade!!! Essa história parece um filme. Minha dor aflorou no instante em que vi a foto. Mas me acalma saber que vocês são fortes e lindas e plenas... Amo vocês!!!
Ai iza, nunca tinha lido ao fundo tuas mensagens no blog... nao nego q nao contive e chorei em soluços... Vejo o qto vc e forte e guerreira amiga... tem sua familia, filhos, ja passou por tantas coisas e mesmo assim seu sorriso jamais saiu do rosto. Descobri q tenho muito q aprender com vc, pq o meu fardo não e nunca foi tao pesado q o seu... Vejo hj o quanto vc e maravilhosa, alias sempre foi, mas para minha vida sempre sera um exemplo.
Sigo a profissao de sua mae. Acho q me dei bem na vida por causa dela, pelo que ele acreditava tbem... vc como ela Iza, Forte, Guerreira, Feliz e Determinada....
Lembre q sempre estou aki e te amo apesar da distancia...
Hoje conheci um pouco da sua histótia e devo confessar que me surpreendi com a Mulher que encontrei.
Quando comecei a ler, comecei a me sentir ali dentro e não contive minhas lágrimas.
Sentimentos fortes, uma escola de vida.
Bjo pessoa....
Como tu conseguiste e consegues ser tão forte? Eu tentei ler esse texto hoje de manhã e juro que não consegui. Agora, de noite, consegui ler tudo, mas mal consigo digitar e enxergar o que escrevo, de tantas lágrimas, de tantos soluços. Fico me lembrando de vocês ainda pequeninhas, no Camping da OAB. E me lembro particularmente do fim de semana que passei com vocês, já em Curitiba. Sinceramente, nem sei o que dizer. Tu és forte demais, Iza. Um grande beijo pra ti.
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